CONVITE
A Deputada Estadual Luzia Ferreira apresentou proposição - já devidamente aprovada - para a reparação simbólica do mandato de Deputado Estadual de Armando Ziller, cassado em 1947 por motivos políticos pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra.
Deputada Luzia Ferreira (PPS)
A solenidade será realizada no dia 18 de setembro de 2013, a partir de 14h30m no plenário da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
QUEM FOI ARMANDO ZILLER
Armando Ziller e Filomena Melillo Ziller
Armando
Ziller nasceu em 3 de setembro de 1908, mas foi registrado em 12 de setembro,
no Rio de Janeiro.Antes de completar dois anos de idade, seu pai, João Ziller,
mudou-se para Minas Gerais, onde se criou na Zona da Mata com suas irmãs Armanda,
Angelina e Abgail. Sempre bem humorado, costumava dizer "ser um carioca da
Zona da Mata."Sua mãe, d. Luíza, morreu em 1916 e seu pai casou-se
novamente com a filha de um amigo italiano, d. Rosa Leonello, daí nascendo seus
irmão e irmãs Adalgisa, Adelchi, Anfrido, Amílcar, Albiluz, Albina e Albiléo.
Fez
seus estudos básicos no tradicional Granbery, em Juiz de Fora e passou a ajudar
seu pai lecionando nos colégios que ele fundava pelo interior de Minas Rio de
Janeiro e São Paulo. Foi assim que conheceu sua futura esposa, d. Filomena
Melillo, na cidade de Itararé. Casou-se em 1933 e neste mesmo ano foi aprovado
em concurso para o Banco do Brasil e destacado para trabalhar na cidade de
Santos.
Sua vida
sindical iniciou-se em Santos, onde com um grupo de bancários viria a criar o
Sindicato local. Foi transferido para Curitiba, onde nasceram seus três filhos,
e onde criou, junto com companheiros bancários o sindicato dos Bancários do
Estado do Paraná. A seu pedido foi transferido em 1940 para Belo Horizonte,
onde já viviam seus pais e irmãos. Foi quando abraçou a causa comunista,
participando ativamente da luta sindical por melhores condições de trabalho e
valorização do bancário.
Ziller, um
apaixonado leitor da Bíblia, foi eleito presidente do Sindicato dos Bancários e
Região, junto com sindicalistas católicos. Citando São Tomás de Aquino, ele
dizia: "A razão e a fé não se hostilizam, antes, se completam".
Dirigentes
do Sindicato depois escreveriam: "A posse da diretoria, tendo à frente o
comunista Armando Ziller, dá início a um período marcado por grandes campanhas
salariais e engajamento do Sindicato no cenário político nacional. A atuação
dos comunistas à frente do movimento sindical bancário da capital mineira marca
um período histórico da entidade, expresso principalmente na primeira greve
comandada pelo Sindicato, em 1946. O Sindicato promoveu debates sobre a
política salarial e a criação da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB)."
Com a
vitória da greve de 1946 Ziller foi eleito deputado estadual tendo atuação
digna do respeito dos bancários e de trabalhadores do Estado. Autodidata,
poliglota, exímio orador, de espírito ágil e respostas contundentes, encantava
a todos. Durante os movimentos bancários, quando as assembléias eram na então
Secretaria de Saúde e Assistência, seus discursos eram aplaudidos de pé pelo
auditório durante muitos minutos. Este auditório é onde funciona hoje o
Minascentro, na Avenida Augusto de Lima, entre as ruas Santa Catarina e
Curitiba.
Seu
mandato durou pouco, mas foi marcante na Assembléia Legislativa de Minas
Gerais. Certa vez, abordado por famoso político que insistia em dizer que ouvia
os seus discursos sempre muito bons, retrucou:" Nem tanto, Excelência, se
fossem assim tão bons não tinham me tirado de lá."
Ziller
presidiu também a Federação dos Bancários e Securitários de Minas e Goiás,
participou de congressos nacionais e internacionais e, inclusive se encontrava
na Europa, participando da organização do Congresso Sindical Mundial, quando
houve do golpe de 1964 que instalou a ditadura cívico-militar no Pais. Ficou 17
nos fora do Brasil voltando após a aprovação da lei da anistia, tendo vivido em
Praga, em Santiago do Chile e em Buenos Aires.
De volta
ao país, reassumiu suas funções de dirigente do PCB, tendo sido candidato a
deputado federal por sua legenda em 1986. Ele teve três filhos: Hélia , Armando
(já falecido) e Arnaldo.
Mais um
exemplo de suas veias humorísticas. Certa vez, convidado por um político da
moda para conversar sobre temas nacionais e trocar idéias, foi taxativo:
"Podemos conversar, sim.Trocar idéias, não. Estou satisfeito com as
minhas".
Ziller
morreu em 17 de maio de 1992, aos 84 anos, lutando por seu ideal: o Comunismo.